gisele ogera


Rastro em reparo
Reparar a terra, cuidar em reparar o rastro. O que se deixa e o que foi deixado. O que eu encontro e o que me encontra.O que preciso movimentar para que acione o desejo do outro em perceber o quanto somos terra, planta, bicho. Como vestir-se de terra, de vida, roupas para se reconectar. A roupa como manto vegetal sagrado que nos envolve e protege, vida vegetal que se emaranha em nossos movimentos e em nossos silêncios. Sudário sagrado que imprime a terra com uma imagem que já é entranhada em nosso ser. Roupas usadas por outros seres e que se encantam e se moldam em diversos corpos, cada um deixando suas formas de relação com o ser-estar. Assim como a nossa alma faz com a nossa carne, pele, ossos.Vestir-se de terra. Suas cores e padrões. Seus cheiros e ruídos. Desfazer-se de um modo rígido de comportamento, quebrar e despir-se de resíduos tóxicos que direcionou pertencimento imposto.
Bordados especiais : Gabriela Machado